Sempre que alguém a via pelo vidro da janela,
era como um fantasma, uma aparição. O vidro era embaçado e ela ficava lá
parada, parecia olhar para as pessoas que passavam na rua abaixo. A janela
ficava no segundo andar e as crianças sempre paravam na volta da escola para
vê-la. Estava sempre lá. Quando chovia na noite anterior seus cabelos amarelos
ficavam escuros. Algumas pessoas tinham medo dela. Diziam que vê-la trazia
mal-agouro. Ela não sorria, não dava para saber se piscava ou não. Os vidros
embaçados.
Um dia, uma menina da rua jogou uma pedra no vidro,
estilhaçando-o, e saiu saltitando. Nesse dia, a menina da janela sumiu. Os
cacos de vidro nunca chegaram a tocar o chão enquanto caiam lentos. Foram
desaparecendo no ar junto com a chuva que começava a cair. A menina da janela
nunca mais foi vista. Alguns acham que talvez ela nunca tenha existido.
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