segunda-feira, maio 14

A PORTA


          Sem perdão ele sussurrava, sussurrava e ia. Ia batendo na porta, haveria portas para ele, ele sabia, sim, sabia que não deveria bater naquela porta, não haveria perdão. Já que ia, bateria, então quase não bateu, mas era sem perdão que pensava sobre a porta para si mesmo. A porta era branca e ele sabia, sabia que coisas brancas podem ser más. Ele ia, caminhava para dentro de si, mesmo enquanto pensava e olhava. Não via que porta branca era aquela. Apenas sabia que não haveria perdão para ele que ia. Não seria ele quem bateria, poderia ser outro e alguém que pensaria se foi ele mesmo ou não. Ele pensava e entendia tudo, sabia que o perdão não viria, sabia bem, e ia. Quase não batia. Ele sabia que ia. Sabia também que bateria ou quase. Ele queria bater. Mas não haveria perdão para ele. Bateu nela uma vez. Bateu e a feriu e não haveria perdão. A porta branca ia de porta em porta, batendo. Ele tinha batido quando quase disse que ia bater. Ele sabia, bem sabia, que não haveria perdão se batesse. Ou já tinha batido. Sabia que sim. Ele sussurrava sozinho que sim. Estava indo e a porta também ia. A porta era branca. Portas brancas podem ficar fechadas muito tempo e ele bateria mesmo sem perdão, logo bateria.

Um comentário:

  1. Ola! Sou a Renatha, da Livraria Cultura, lembra-se? Acabei de achar num caderninho o endereco de seu blog - estava sumido. Fiquei com vergonha de perguntar outra vez...
    Nao repare, este teclado nao tem acento, nao e daqui (deve ser americano), e provavelmente existe alguma forma de configura-lo - mas nao sou capaz de faze-lo, ignorante em tecnologias. Eu resisto um pouco.
    Escrevo antes mesmo de ler seus textos, portanto comentarios ficam para depois. Quis apenas registrar que nao esqueci!

    um abraco,
    Renatha

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